domingo, 7 de novembro de 2010

ENEM: "Era bem fácil colar e acho que pode ter havido muita gente que fez isso"

Os candidatos ao Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) que souberam que um repórter do Jornal do Comércio enviou uma mensagem por celular enquanto fazia a prova garantem: dava para colar no teste que foi aplicado neste fim de semana em todo o País. Os fiscais não conferiam se havia celulares no bolso e, quando alguém ia ao banheiro, acompanhavam apenas até a porta, facilitando a troca de mensagens durante o concurso.


O repórter do jornal de Pernambuco entrou com um celular ligado e às 13h25 pediu para ir ao banheiro, de lá mandou uma mensagem para os colegas informando qual era o tema da redação. Quando os primeiros alunos saíram, por volta das 15h, o tema, que era Trabalho na Construção dos Direitos Humanos, foi confirmado.

"Era bem fácil colar e acho que pode ter havido muita gente que fez isso", comentou Alana Teng, de 16 anos. "Percebi que foi muito mais gente ao banheiro hoje do que ontem."

"Eu mesma, pensei isso quando fui ao banheiro", diz Ana Kelly Cerqueira Amorim, que se diz uma expert em cola. "Dessa vez, não fui esperta de ver que dava antes, mas podia mandar uma mensagem: na prova amarela a resposta da 3 é tal, da 4 é tal e assim por diante. Depois alguém via e me respondia o que soubesse e eu pegava quando voltasse ao banheiro", conclui.

Amanda Mendonça, de 17 anos, diz que conhece gente que, no sábado, já combinava de colar caso as provas fossem da mesma cor. E, na maioria dos casos, eram. "Eu deixei o celular na bolsa, debaixo da carteira, como pediram, mas não daria para saber se estivesse no meu bolso", comenta. "Teve uma menina na minha sala que foi ao banheiro três vezes. Acho estranho", diz. Para ela, isso prejudica a credibilidade da prova. "Agora não dá mais para saber se quem foi bem deu um jeito de fazer isso."

Alguns candidatos disseram confiar nos concorrentes. "Acho que cada um tem de ter consciência, não acredito que alguém tenha colado", diz Adriano Bonfim da Silva, de 17. O autonomo Alexandre Galindo, de 27 anos, diz que nenhum sistema é "100% seguro". "Quem quer, dá um jeito de driblar, mas acho que ninguém fez isso".

Uns anos atrás  o Enem não tinha a importância que possui hoje, pois muitas universidades (aqui a Uenf/ Uerj) assumiram como modelo substituto do vestibular. Seu perfil era baseado na decoreba ou uma  interpretação meia boca, que qualquer candidato/ vestibulando fazia e se saía bem. Agora, reformulado, ganha um novo modelo, seguindo a tendência interpretativa e abrindo mão do método da memorização. Porém, desde que passou por essa transformação, ganha impacto com polêmicas em matéria de segurança e credibilidade, pois falha em diversos aspectos gerando dúvidas e críticas. E agora, o que fazer: anular e reformular ou validar com tantas pontos críticos? Vamos esperar!
Leandro Tavares.