sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A chuva e o caos

Chuva no ES já deixa 7.300 desabrigados em 34 cidades

A chuva que atinge o Espírito Santo desde o início da semana já deixou 7.300 pessoas desabrigadas em 34 municípios. Hoje, a Defesa Civil Estadual retificou o número de mortos - a perícia revelou que uma mulher, que teria sido levada pela força das águas em Cachoeiro de Itapemirim, na verdade havia sido assassinada por enforcamento.
Quatro pessoas morreram no Estado por causa do temporal, uma delas arrastada pela correnteza ao passar por uma ponte em Jerônimo Monteiro e três soterradas no desabamento de uma casa em Afonso Cláudio.
Na madrugada de hoje, os municípios de Barra do São Francisco e São Gabriel da Palha foram inundados depois que o nível dos rios subiu. Houve registro de alagamento de ruas e casas e deslizamento de encostas. Estradas e rodovias estão parcialmente interditadas, mas a Defesa Civil informa que nenhum dos municípios está isolado. Foram distribuídos cestas básicas, cobertores e colchões.
Rio
A estrada RJ-163, principal acesso para Visconde de Mauá, no sul do Rio de Janeiro, foi interditada por uma queda de barreiras. A via liga a Presidente Dutra ao distrito de Resende, importante destino turístico. Os motoristas estão sendo orientados a passar pelo distrito de Fumaça, o que aumenta a viagem em 50 quilômetros.
                                                                                                                                 Estadão
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Todo ano, é sabido que nesse período de janeiro chove muito, mas o Estado espera sempre para tomar medidas depois que os fatos acontecem. Então a falta de investimentos na infraestrutura e estrutura de cidades se revela e provoca um grande caos, com muitas mortes, famílias desabrigadas, estradas bloqueadas etc. Por que não começamos a antever essas ações da natureza com obras de melhorias? Muitas vidas seriam poupadas e a qualidade de vida dos citadinos seria melhor.
E a nossa cidade hein... continua a mesma!
Leandro Tavares.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Politicamente correto é o escambau

O CRAVO NÃO BRIGOU COM A ROSA
(de Roberto Rabat Chame)



Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto. Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais “O cravo brigou com a rosa”. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo – o homem – e a rosa – a mulher – estimula a violência entre os casais. Na nova letra “o cravo encontrou a rosa/ debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada”.

Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha. Será que esses doidos sabem que O cravo brigou com a rosa faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro?

É Villa Lobos, cacete!

Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas. A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar.

Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.

Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens.

Dia desses alguém (não me lembro exatamente quem) se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual, Pai Google da Aruanda, foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado. Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato, era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse, em mil novecentos e setenta e poucos, que algum filho estava militando na causa da preservação do mico leão dourado, em defesa das bromélias ou coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho.

Vivemos tempos de não me toques que eu magôo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.

Daqui a pouco só chamaremos o anão – o popular pintor de roda-pé ou leão de chácara de baile infantil – de deficiente vertical .

O crioulo – vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) – só pode ser chamado de afrodescendente.

O branquelo – o famoso branco azedo ou Omo total – é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente.

A mulher feia – aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno – é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade.

O gordo – outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia assassina e bujão – é o cidadão que está fora do peso ideal.

O magricela não pode ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito.

O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.

Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais… Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.

O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz prá "putaquilpariu" e o centroavante pereba tomar no olho do cu, cantaremos nas arquibancadas o allegro da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de Jesus, alegria dos homens, do velho Bach.

Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé na cova, aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro funeral, o popular tá mais pra lá do que pra cá, já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a “melhor idade”.

Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não. Seremos os inquilinos do condomínio Cidade dos pés juntos.
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Engraçado, ironicamente engraçado, esse ano conversando com uma colega de trabalho acerca do folclore, disse-me que não se pode mais cantar e contar nossas histórias folclóricas nas escolas por causa das reclamações dos pais! Achei isso um absurdo, é como chegar no rock n´rio e colocar um fone de ouvido para não poluir o meio ambiente com som barulhento, não poder comer nehuma besteira por conta de bactérias, ou gordura... conclusão: o mundo hoje está uma babaquice só, caretice sem precendentes, tudo é motivo de bulling, preconceito, racismo... estou de saco cheio! 
Que 2011 seja diferente, com pessoas mais normais, flexíveis e queiram viver e não ter a vergonha de serem felizes!