terça-feira, 1 de novembro de 2011

Para presidenta do Inep, uso de pré-teste do Enem é "questão ética"

A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman, disse na tarde desta segunda-feira, em Fortaleza, que não houve vazamento de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo ela, alguém “guardou por um ano" dois cadernos da prova e depois forneceu ao Colégio Christus. Malvina Tuttman não explicou, contudo, por que o consórcio que aplicou as provas não sentiu falta dos cadernos em questão.
Em uma das respostas aos jornalistas, a presidenta do órgão do Ministério da Educação responsável por avaliações - entre elas o Enem - desviou do foco e declarou que o fato de as questões terem ido parar nas apostilas desses alunos passa por uma “questão de ética” da escola. ”Falo como educadora. É preciso discutir como estamos trabalhando valores éticos nas nossas escolas. Como professora há 42 anos, tenho clareza que a maior parte dos professores tem valores fortes que trabalham com seus alunos. Exceções, às vezes, acontecem. O importante é que valores nossas escolas estão desenvolvendo com nossos alunos”, disse.
No sábado, o advogado do Colégio Christus, Cândido Albuquerque, afirmou ao iG que a escola não tinha obrigação de manter o sigilo das questões, porque não era a responsável pela aplicação da prova. Segundo ele, há evidências de que o consórcio Cesgranrio/Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) contratado pelo Ministério da Educação (MEC) terceirizou a fiscalização.
A presidente do Inep não disse se o pré-teste foi ou não aplicado por funcionários do consorcio. Ela se restringiu a dizer que a empresa contratada pelo MEC observa critérios na escolha dos fiscais. “Os fiscais são escolhidos pela Cesgranrio por critérios pré-estabelecidos. De cor, não tenho possibilidade de dizer todos, mas um deles é que são três fiscais que não podem ser profissionais que atuam na escola”.
Malvina fugiu das questões específicas sobre o funcionamento do pré-teste e do banco de questões, que segundo o governo tem 6 mil itens, porém para o Enem 2011 aproveitou 14 questões entre as 64 aplicadas no Colégio Christus.
Ela também não aceitou o termo vazamento. "Quero dizer, deixar bastante claro, não houve vazamento. Alguém pegou dois cadernos de prova, guardou durante um ano e utilizou esse material numa apostila da escola. Então, não houve vazamento”, declarou.
Cursinho não teve prova cancelada

Ela disse que até agora só é possível afirmar que apenas os 639 alunos matriculados no 3º ano do Ensino Médio do Colégio Christus consultaram as questões em apostilas distribuídas pela escola. “Isso a Polícia Federal irá fazer com a investigação e conclusões. Nesse sentido, o Inep está aguardando”. Na quinta-feira, o iG mostrou que pelo menos 320 alunos de oito turmas do cursinho também receberam o material didático com as questões que caíram no Enem. “Se isso for indicado, todos que tiveram, acesso pela escola a esse documento vão refazer a prova.”

Tuttman minimizou o problema e classificou o episódio como “contingencial”. Para a professora, esse tipo de problema já é previsto no projeto de trabalho elaborado pelo Inep antes de aplicar o exame. Ela comparou a situação com a provocada por uma enchente no Espírito Santo, em 2009, quando estudantes não conseguiram chegar aos locais da prova e fizeram separadamente em outra data. Outro exemplo usado foi de uma candidata de Teresina atingida por um ventilador no Enem de 2011 e que acabou não concluindo o exame. “Há possibilidade de fazer provas com o mesmo valor, a mesma possibilidade de aferir os resultados dos participantes”. Segundo ela, independente de quando estão fazendo a prova.

Decisão da Justiça
A presidente do Inep esteve em Fortaleza para defender na Justiça Federal a posição do Ministério da Educação (MEC) de invalidar somente as provas dos 639 alunos do Colégio Christus que tiveram acesso a questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) antes da aplicação da provas. Na sexta-feira (28), o juiz Luiz Praxedes Vieira da Silva deu 72 horas para o Inep se manifestar. Na noite desta segunda, ele decidiu anular 13 questões do exame.
Antes da decisão, Tuttman dissera que estava “confiante” de que o juiz federal não decidiria pela anulação das 14 questões idênticas as do Enem oficial. “Isso não é o encaminhamento pedagógico, técnico, cientifico que o Inep apresenta na peça que hoje entregou à Justiça”.
Durante a tarde, ela argumentou que, caso a Justiça Federal do Ceará resolvesse que as questões ou todo Enem seriam anulados, o Inep iria recorrer. “Se a decisão da Justiça for diferente da tese de argumentos que estamos apresentando, o Inep irá analisar juridicamente possibilidades de fortalecer sua posição”.
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O pior é que todo ano tem algum tipo de polêmica envolvenda provas do Enem, isso é um exemplo de perda total de credibilidade. Segundo o portal do G1, algumas questões foram anuladas, o que penso é que só tem um prejudicado nesse ponto: o aluno.

 Leandro Tavares.

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